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A Minha viagem a Dublin, ou quando eu escolhi pôr-me em primeiro lugar

Beatrice Manili

Acho que sentir-se sempre feliz é uma meta inatingível, mesmo ao longo da vida inteira. Acredito sim que a felicidade é feita de tantos momentos que, em conjunto, nos fazem perceber que a vida pode nos surpreender a qualquer momento.

Entre fevereiro e março de 2022 vivi o período mais desafiante e intenso da minha vida. Vou partilhar esta experiência e contar-vos como uma viagem (surpresa) acabou por ser o ponto de viragem.

No final de fevereiro entreguei minha Tese de Mestrado, na qual trabalhei incansavelmente durante dez longos meses. Foi também nessa altura que me vi obrigada a deixar um emprego sem perspectivas e procurar outro, para poder garantir a independência financeira que uma pessoa de quase 29 anos ambiciona ter.

Como se isso não bastasse, ao fim de nove anos juntos, eu e meu namorado decidimos que era melhor dar um tempo.

Tudo parou e eu senti-me bloqueada, a reavaliar vários aspectos da minha vida. Porque as coisas nem sempre correm como esperamos e a vida muda de um dia para o outro.

Imersa neste caos, uma manhã de março abro o Instagram e, entre as histórias de uma criadora de conteúdo que sigo, descubro que existe uma plataforma online de viagens – feita e gerida por um grupo de pessoas da minha geração – que organiza viagens surpresa na Europa. 

A minha chefe da altura informou-me que tinha alguns dias de férias por tirar, por isso não pensei duas vezes! Marquei logo a minha primeira viagem sozinha, depois de uma pandemia e depois de tantas mudanças. Foi também a primeira viagem que marquei para um destino que só fiquei a conhecer uma semana antes da partida.

A minha orientadora de tese – um anjo – uma professora com uma sensibilidade e capacidade de empatia rara de encontrar, incentivou-me a tirar alguns dias de folga antes da defesa da tese. Aconselhou-me tirar um tempo para mim mesma e desconectar. 

Viajo sozinha.

Se têm curiosidade em saber como foi viajar sozinha pela primeira vez, digo-vos simplesmente: foi uma montanha-russa de emoções! Desde a chegada ao aeroporto no dia da partida até ao regresso a Roma. 

Juro, não houve um único momento da viagem que não fosse uma descoberta! Sítios novos, pessoas novas e formas de viver diferentes da minha, mas ao mesmo tempo super estimulantes para minha mente curiosa. 

A magia de Dublin ajudou. Mas tenho certeza que teria sido a mesma coisa em qualquer outra cidade.

Poder dedicar tempo a mim mesma, mas sentir-me ao mesmo tempo sempre acompanhada pela Toratora, ajudou-me a viver uma das experiências mais bonitas e relaxantes da minha vida.

Falar dessa viagem emociona-me sempre. Para mim, representou um ponto de viragem entre a Beatrice de antes e a de depois. Uma rapariga que, antes de partir, vivia cheia de dúvidas e ansiedade em relação ao futuro. Por causa de tantos empregos precários e um relacionamento nada fácil, não tinha noção que existia esta possibilidade. A possibilidade de poder viajar e viver uma aventura, mesmo com um orçamento limitado.

Os três dias que passei na Irlanda ajudaram-me a perceber que somos muito mais para além dos limites que impomos a nós próprios. É normal ter medo, somos seres humanos. Mas também é bom tentar superar os nossos limites, cada um com os seus tempos.

Pessoalmente, sinto que consegui descobrir-me graças a esta experiência incrível. Fazer esta viagem para mim representou um verdadeiro ato de amor próprio, num momento da minha vida em que me sentia perdida e sem certezas.

O regresso de Dublin foi transformador. Nos dias que se seguiram, comecei a trabalhar na minha discussão de tese com um espírito completamente novo. Algumas semanas depois, terminei oficialmente o meu Mestrado Comunicação e Marketing e dois dias depois recebi uma oferta de emprego para uma agência de comunicação. Uma satisfação enorme.

Esta é uma história real e, como muitas, nem sempre acaba com o “felizes para sempre”. O tempo que decidimos dar na relação acabou por ser um ponto final, uns dias antes do início do novo trabalho. Mas, como se costuma dizer “quando Deus fecha uma porta, abre uma janela” e eu acrescentaria… abre-se todo um novo capítulo!

Se estás a pensar viajar sozinho ou com os teus amigos: fá-lo! Pensa que cada experiência que vives vai enriquecer a tua existência. Tudo o que vires vai ficar gravado no teu peito!

Beatrice Manili

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